quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


“Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela...
E...
Isso era tudo.”
(Caio Fernando Abreu)



Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!

(Clarice Lispector)

2 comentários:

Tangerina disse...

eu tinha essa sensação com meu melhor amigo... o problema é que acabei gostando um pouquinho demais dele... daí a gente nunca mais encostou a mão sem querer, nunca mais andamos de moto quase todas as noites e nem bebemos mais juntos...
sinto falta dos nossos zig-zags....


mas tá tudo bem...

abreijos...

Carol disse...

Essas companhias são valiosas, né?! Tenho uma que simplesmente amo. E ás vezes acho que sempre vou amar. É dividir olhares, cumplicidades, interesses, criar jogos, sorrir juntos...