sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Crônica do desespero -

Às seis horas da tarde,
o rádio toca "Ave Maria",
ele enfia o dedo na guéla e vomita, enfia o braço inteiro magrinho e de pele russa na sua garganta fina e extrai um jato,
escorre uma ducha,
escarra um grito doído,
envolve um urro de socorro por estar findando mais um dia ali.
outro dia sem família,
sem casa,
sem afeto,
outro dia de descaso, com cabelo raspado, sem cigarro,
com comida enfiada a força pela guéla à dentro;
outro dia que se finda para outro igual ou um amanhã pior ressurgir com a "Ave Maria".
outra porra de merda de dia para se "viver".
vai te fuder Ave Maria!
vô - mi - tá.


hospital psiquiátrico