quarta-feira, 28 de outubro de 2009

calor





é tempo de tirar a roupa e deixar a noite agir.

Sem discussão.




por você sou capaz de matar baratas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

sempre viva





Seu cheiro brinca de dar deliciosas cambalhotas pelo meu corpo a fora enquanto meu coração tenta fugir pela boca.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

saudade




JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

uma tarde de cinema com meu amor

lembro bem do seu doce desajeito,
e como me fez feliz esse dia,
e vários outros dias depois desse também.
era no cine humberto mauro.
não lembro o filme, mas lembro incrivelmente de você, meu encanto.
não tinha pipoca, nem coca-cola. com certeza uma cerveja depois, rs.
ali ja sabia que iria lhe amar.