quarta-feira, 15 de outubro de 2025

pensando sobre a pressa sem a perfeição,

sai tudo rabiscado

no reboco,

mas sei lá, isso é meio vintage também.

né?

o mal feito, o mal acabado.

sou um rascunho cheio de força,

feito um furacão.

sangro em enxurrada.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

a primavera chegou 

vesti minha roupa de exaustão

pra ver a banda passar tocando causos de terror

enquanto anestesiada estou

nada vi,

tudo passou,

nada ficou

depois que a banda passar

tocando ritos de horror

depois que banda passar

deixando marcas de dor

depois dela ninguém mais passou

domingo, 14 de setembro de 2025

 esconderijo,

medo,

choro...

arrumo a casa para ver se a paz do ambiente faz morada aqui dentro

João Gomes canta no som e acaricia tudo aqui,

banho com vela,

carinho no gato,

promessa de paz.

seria hoje um domingo aflito?

suspiro fundo,

mas não sei se entendo o que passa aqui dentro.

deixo ás lágrimas cairem.

sensação de abandono.

medo de não conseguir dar conta do banal da vida.

coloca os não onde deve e vai.

sábado, 13 de setembro de 2025

 cê já viu a loucura de perto?

que trem bonito!

carinhoso, sem julgamentos e cheio de troca!

que nem criança legal, sabe?

ando com saudade de viver mais ali, 

com os chamados "fora da caixa".


quarta-feira, 10 de setembro de 2025


nasci numa quarta-feira mas só fui conseguir chorar num domingo.

desde então me apaziguo no silêncio do domingo.

essa ausência de som organiza minhas moléculas, meu sentimentos, meus pensamentos.

consigo ver e sentir o mundo de outra forma e então suportá-lo.

seria fácil para a psiquiatria tradicional me diagnosticar e medicar.

eles fazem isso ao mínimo indício de desvio a dita normalidade.

afinal, o que é a normalidade? me diga você?

algumas terças-feiras já uso tampões nos ouvidos para fingir ser domingo.

meu corpo chora já ininterruptamente por sete dias durante o mês, sim, quase uma semana inteira esvaindo pelas minhas pernas, me causando dores, pensamentos de morte e terminando em um alívio rodopiantemente vermelho.

você já sentiu cheiro do seu próprio sangue? você já provou o seu próprio sangue?

eu choro sangue.

eu choro dor, alívio, desespero e um pedido desesperado por calma e paz – todo mês.

falar disso é um tabu pra você?

talvez eu devesse voltar meu olhar pra semana que vai começar ou até mesmo para o hoje, para o agora e por esse pequeno nó parado aqui na minha garganta. um choro pedindo socorro para sair?

o cid artista me faz assim: sensível demais. rindo muitas vezes quando não é para rir, chorando quando muitas vezes não é pra chorar, olhando muitas vezes para o que não é para olhar.

eu tento parar.

mas é mais forte que eu.

olha : tá acontecendo outra vez ! (atriz se atenta ao pequeno feixe de luz ao lado direito do palco que a faz lembrar de um riacho que fluía e um dia de extrema felicidade e faz seus olhos encher d’água ).

parece uma voz falando dentro da minha cabeça : vai, sái correndo, dança, rodopia, pode miar!

a vida está insalubre para gente que sente e então estamos todos medicados para evitar o extermínio.

show de horrores e comparativos no instagram/vida online : é vida ou é cena?

festa de superficialidade rolando nos bares, praças e encontros

bandejas de produtos todos imprescindíveis à vida servidos guéla a baixo

correria desenfreada na sociedade do sucesso que só serve fracasso

eu?

não tô tendo tempo para chorar

tem uma semana que não olho o céu

cadê o desejo?

o sonho já não existe.

domingo, 7 de setembro de 2025

 domingo, o silêncio, o descanso 

o decantar da semana

e depois as novas possibilidades,

a pausa possibilita meu pensamento ir a novos lugares...

experimento o novo no mundo das ideias

chego a quase sonhar novamente.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

 agosto chegou e eu fiquei cansada...

sinto vontade de ficar quietinha em silêncio no sol,

respirando devagar, bebericando o café e sonhando longe.

falta férias, falta fôlego...

o que me faz sonhar?

deixa dormir, deixa desanimar, 

devargarzinho, pé ante pé vou me restaurar.

deixa a menina sonhar...

talvez seja preciso viajar.

terça-feira, 15 de julho de 2025

terminei de fazer uma visita domiciliar enquanto no entorno o movimento do tráfico pipocava, 

me senti estranhamente parte daquilo,

olheiros,  motos,

homens surgindo nos buracos dos muros ressabiados,

um certo ar de shopping oi, feira hippie e mercado central tudo ao mesmo tempo sabe?

tentava fingir normalidade, perguntava das atividades de vida diária do Sr Joaquim, media a porta do banheiro e construía orientações com ele e a filha, 

enquanto ali no quintal que logo dava à rua tudo acontecia...


trabalhadora do SUS que fala.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

 desistentemente tentando...

tem dias que acredito,

que tenho fé,

noutros tudo desanda...

roda gigante, eterno sobe e desce montanha que hoje me levou ao chão

domingo, 6 de julho de 2025

 domingo de manhã, ou carta aberta à Karina Buhr

aprendi a não jogar o amor no lixo.

me ame tanto!
me ame muito!
me ame muito, sim.

pois com amor eu aprendi a respirar melhor.

com os olhos e a alma afetados de amor,
eu existo numa inteireza bonita, sabe?

que agita, transforma, enfeita e eleva meu redor.

me amo tanto que até dói.

aprendi a amar também os meus defeitos.

às vezes, rasgo.
às vezes, erro.

noutras, comparo.
e, em muitas vezes, sangro.

mas amo. amo.
amo tanto.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Vai faltar,

Vai doer, 

Vai navalhar

E eu vou me acolher,

E que seja num acarajé recheado de camarão, vatapá e colorido no dendê

Não tem jeito meu amigo,

Vai acontecer! 



o correr da vida mistura tudo e pode vir de borboletas no estômago à ânsia de vômito, sabe?
como pode de um segundo pro outro as borbulhas coloridas virarem náusea?
a dança acontecia rodopiante e alegre e ZAP,
entristeceu, brochou, escorregou nas pequenezas,
na não visibilização,
na sombra.
borboletas não têm sombras elas foram-se embora em segundos e não ousaram deixar rastros.

segunda-feira, 19 de maio de 2025


ando tentando escrever, olhar pro céu, tomar banhos mais longos e escutar o silêncio para ver se meus olhos param de pular:
tentativa essa desenfreada da minha alma saltar pra fora do corpo por esses dois pequenos orifícios verdes e sentir-se livre da ebulição de ideias, culpas, prazos, boletos, relatórios, soluções, articulações e pensamentos que fazem morada aqui dentro.



Hoje à tarde não fui trabalhar pra acompanhar minha mãe numa consulta de rotina e depois deixar ela na rodoviária pra ir pra casa dela .
Resolvi ir contra ao fluxo da vida : fui com calma; desci com ela até o ônibus da Santa Maria e fiquei do lado de fora vendo ela lá dentro até ele partir e poder acenar tchau com as mãos .
Na volta pra casa olhei pra cima
É isso .

segunda-feira, 5 de maio de 2025


Proposta de cena : Pasmaceira
Puffs coloridos no palco, luz baixa, duas amigas em cena.
Tempo de reverberar, tempo de respirar.
A cena propõe a retomada da pausa : a pausa foi extinta em 2020.
O que foi mesmo que você fez ontem?
Você sabe me descrever exatamente como foi o seu último domingo? - Como você se sentiu?
Segunda-feira é com hífem ou sem ?
Quando foi que pisamos nesse palco a última vez?
Você lembra o que você sentiu?

(tempo de sentir)
fumaça,
solo de guitarra
elas dançam por 3 minutos
sentam no chão
se olham, riem,
deixam o tempo fluir.

quinta-feira, 24 de abril de 2025


faz tempo que não passo por aqui...
a escrita era antiga confidente minha,
mas por algum motivo cessou.
tenho desistido da arte.
tenho desonhado de ser atriz e isso dói.
acho que é pela incerteza da profissão, a dificuldade de conseguir as coisas
o não visto e as quantidades desmedidas de nãos - e olha que eu coleciono sims.
é difícil minha gente.
e como dói.

nisso vou sentindo o roçar do rabo do gato e galgando com carinho e atenção na saúde,
tentendo ouvir o não dito e rir do inusitado da vida, que é sim, tão bonito.
vou criando poesia no meu dia a dia com os restos.

a loucura e arte me fazem falta de uma forma dilacerante meus amigos.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Centro de Saúde

Pela primeira vez Letícia fala comigo em atendimento , respondeu um engasgado e sonoro "não" a algo
que eu perguntei, arrepiei ; fiquei quieta e fingi normalidade .
Durante o jogo que jogamos de quebrar gelos e não deixar o pinguim cair ela foi me respondendo as perguntas...
"matemática" "não lembro" "eu que tirei" e outras...
Sorriu e se divertiu durante a atividade proposta!
(acompanho Letícia faz um ano e meio)
Insisto e acompanho
*nome fictício